Após despedida dos concursos, Sancler Frantz leiloa vestido em prol de escola
- Luiza Adorna
- 13 de jul. de 2021
- 4 min de leitura
Atualizado: 14 de jul. de 2021
Matéria para Portal Arauto - Link original: https://www.portalarauto.com.br/Pages/145550/apos-despedida-dos-concursos-sancler-frantz-leiloa-vestido-em-prol-de-escola-de-arroio-do-tigre
Embora não tenha saído do palco com a coroa de Miss Rio Grande do Sul 2018, a arroio-tigrense Sancler Frantz encerrou a participação no mundo dos concursos de beleza com um título que alegrou seu coração: A miss que o povo escolheu. O reconhecimento pelos anos de representatividade e a torcida dos telespectadores não foi a única motivação da modelo para novamente concorrer ao título de miss. Embora tivesse decidido não pisar mais nas passarelas das competições ainda em 2014, quando passou a faixa de Miss Mundo Brasil, Sancler sabia que, em 2018, poderia participar novamente com um objetivo maior do que uma coroa: ajudar quem precisa.
O vestido de gala utilizado no concurso, no dia 27 de abril, está em leilão. Todo o dinheiro arrecadado será doado e 30% do valor serão repassados a uma escola de Arroio do Tigre, cidade onde Sancler participou do primeiro concurso e representou na última vez em que disputou uma coroa. Os outros 70% serão destinados à Fraternidade Sem Fronteiras, ONG brasileira que trabalha com 26 centros de acolhimento entre Moçambique e Madagascar, onde cuidam de aproximadamente 12 mil crianças.
Desenhado pela própria Sancler, ao lado do estilista Jorge Jefersom e de toda equipe da loja Mode Belle, de Chapecó, o vestido já foi pensado para um momento especial. “Queríamos um vestido especial já que queríamos dar a ele um destino também especial”, lembra. Os interessados em adquirir o vestido utilizado por Sancler na final do Miss Rio Grande do Sul 2018 devem enviar uma mensagem com o seus dados pessoais, nome, CPF e o valor do seu lance para o e-mail: sanc.frantz@gmail.com. Pelas redes sociais, a modelo atualiza os seguidores com o valor dos últimos lances. O leilão segue até o dia 15 de junho.
Com o vestido vermelho, com passos firmes e sorriso no rosto, Sancler Frantz subiu ao palco do seu último concurso de beleza com a faixa da cidade onde nasceu. “Foi em Arroio do Tigre onde tudo começou e era dessa forma que eu queria que encerrasse, representando aqueles que foram os primeiros a acreditarem em mim”, destaca. Ali, no último desfile, os sentimentos de alegria, dever cumprido e gratidão a moviam. Sancler flutuou, como os fãs comentaram nas redes sociais, até a frente dos jurados que a deixaram em terceiro lugar, contrariando quem a prefere lhe dar um novo título.
A miss que o povo escolheu
Sancler não ganhou o concurso onde encerrou a carreira, mas colecionou, ao longo dos anos, admiradores e mensagens de apoio. Tornou-se, como roda na internet, a miss que o povo escolheu. E a caminhada dessa representante dos gaúchos não começou há pouco. Embora dissesse que queria ser policial, desde cedo participou de desfiles e apresentações. Ganhou os títulos de Rainha da Escola e Mais Bela Estudante, concursos que lhe abriram portas para o trabalho de modelo.
Foi em Linha Cereja, interior de Arroio do Tigre, que a menina Sancler percebeu que seu destino não seria em viaturas policiais e sim dentro de vestidos, representando a comunidade e divulgando a cidade, o estado e também o país. Ao lado da mãe e da avó, responsáveis por sua criação, ela participava de todas as oportunidades, sempre motivada a orgulhar a família. “Sempre vi nelas duas mulheres muito guerreiras que me ensinaram os principais valores da vida, sempre me incentivaram a lutar pelos meus sonhos e me ensinaram que eu, assim como qualquer pessoa, poderia ser quem eu quisesse ser, desde que estudasse e trabalhasse duro para isso”, relembra.
Se tornou Rainha de Arroio do Tigre, Musa do Gauchão, Garota Jacuí, Musa do Sol, Mais Bela Estudante do Rio Grande do Sul, Miss Brasil e Miss Américas World, onde se classificou em quarto lugar entre as 127 candidatas de todo o mundo, foi a primeira brasileira a ser escolhida com melhor corpo do mundo e liderou as apostas na Bolsa de Valores de Londres como favorita para vencer o Miss World, que ocorreu na Indonésia.
"Nem toda miss é modelo e nem toda modelo sabe ser miss"
Enquanto participava de concursos e trabalhava como modelo, Sancler descobriu um novo talento: a comunicação. Ao trabalhar no Rio de Janeiro, com 17 anos, se apaixonou pela televisão e voltou ao Sul para cursar jornalismo. Com 19 anos foi contratada pela TV Pampa como apresentadora e aos 21 participou do reality show Top Model, transmitido pela Rede Record. Foi convidada por Ana Hickmann para ser repórter do Programa da Tarde e as portas foram se abrindo cada vez mais.
Após o reality, venceu o Miss Brasil World, conquistou o Miss World Americas e foi embaixadora do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Mohan). Hoje é madrinha da ONG Fraternidade Sem Fronteiras, que trabalha na implantação de centros de acolhimento nos lugares mais pobres do mundo. Atualmente, a organização proporciona amparo a mais de 12 mil crianças e nove mil órfãs, além de famílias e idosos das aldeias.
Por tudo isso, Sancler acredita que para ser miss não basta um rosto bonito. "Nem toda miss é modelo e nem toda modelo sabe ser miss", faz questão de lembrar. É preciso cultura, conhecimento e dedicação. “Ser miss é ser uma representante de um povo. É mostrar que nós mulheres somos muito mais do que rostos bonitos. Devemos usar a visibilidade proporcionada pelos concursos, como um espaço para destacarmos causas sociais, assuntos que são importantes na sociedade e também inspirar outras pessoas, principalmente os jovens, a se aceitarem, se amarem, e lutarem pelos seus sonhos”, define.
Agora, a modelo passará uma temporada na Europa e quando retornar pretender compartilhar o conhecimento adquirido para inspirar meninas que sonham em ser miss. Além disso, ela pretende voltar a atuar na comunicação e planeja escrever um livro sobre sua trajetória. Enquanto isso, pelas redes sociais, ela quer se manter perto de todos, tanto dos brasileiros, quanto dos gaúchos e do povo de Arroio do Tigre que a motivou, ainda criança, a chegar onde chegou. “Mesmo não morando mais lá, carrego a cidade no coração por onde eu for”, faz questão de lembrar.
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